Artigo publicado por Rede de Igrejas e Minas

Muitas instituições religiosas recorrem aos investimentos em ativos financeiros . Esses apresentam boa liquidez. Isso é: podem ser resgatados imediatamente ou num prazo pré-fixado. Há vários ativos financeiros como a “Caderneta de Poupança” (no Brasil), depósitos bancários, ações de uma empresa, rendimentos de renda fixa ou de renda variável, Exchange Traded Funds (ETFs) etc. Há ainda os chamados “ativos tangíveis”, como o ouro, ou propriedades rurais e urbanas.

Existem aplicações a curto, médio e longo prazo. Investimentos de alta rentabilidade são flutuantes, apresentam maior risco e estão sujeitos às crises financeiras. Os investimentos tidos como “conservadores” são mais seguros e rendem menos. Normalmente, as instituições católicas investem numa instituição financeira que lhes apresenta uma “carteira de investimentos”, um fundo composto de diferentes investimentos de várias empresas, administrada por um banco ou sociedade gestora similar .

Quantas instituições católicas complexas têm uma política de aplicações financeiras (código ético de investimento)? Elas são coerentes com o Evangelho e os carismas dos institutos religiosos? Que critérios adotam nos investimentos?

A Academia de Ciências Sociais do Vaticano publicou no dia 10 de novembro de 2022 um documento de orientação para investidores no mercado financeiro, intitulado “Boas Medidas” (em latim: Mensuram Bonam – Sigla: MB). Pela primeira vez um órgão mundial da Igreja insere a mineração entre as atividades eticamente críticas e desaconselha investir nela, pelos impactos ambientais e humanos que ela causa.

Vamos nos concentrar em alguns tópicos do documento. Dirigimos essa reflexão sobretudo para as igrejas particulares (dioceses, arquidioceses e prelazia) e aos Institutos Religiosos de Vida Consagrada de presbíteros, Irmãs e Irmãos. O subtítulo do documento já é inspirador: “MEDIDAS BASEADAS NA FÉ PARA INVESTIDORES CATÓLICOS: UM PONTO DE PARTIDA E UM CHAMADO À AÇÃO”