Natureza do Instrumentum laboris

Como a palavra latina sugere, o IL é, antes de tudo, um instrumento de trabalho, um documento para o discernimento dos participantes do trabalho da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Nesse sentido, o IL não sugere respostas, mas registra, abre e convida ao aprofundamento.

O IL chega ao final de um longo processo de ouvir o povo de Deus nas igrejas locais e os estágios subsequentes de discernimento pelas Conferências Episcopais e Assembleias Continentais. Entretanto, o IL não é um resumo da jornada até o momento, mas sim o resultado (o fruto da experiência) do que foi aprendido sobre a natureza da Igreja sinodal. O IL também é fruto de um discernimento sobre as questões-tensões a serem exploradas e que são consideradas necessárias para realizar a conversão sinodal da Igreja de forma evidente e permanente.

Mais uma vez, a questão em torno da qual todo o documento gira é a mesma desde o início do processo sinodal, conforme formulado no nº 2 do Documento Preparatório (DP): «como se realiza hoje, a diferentes níveis (do local ao universal) aquele ‘caminhar juntos’ que permite à Igreja anunciar o Evangelho, em conformidade com a missão que lhe foi confiada; e que passos o Espírito nos convida a dar para crescer como Igreja sinodal?»

O IL como um todo dá testemunho da experiência de fé do Povo de Deus e dos pontos em que eles se sentem chamados a dar mais passos para aprofundar a prática da dimensão sinodal da Igreja. O verdadeiro protagonista é o Espírito Santo, que acompanhou e guiou a jornada e infundiu a esperança e a confiança para seguir em frente, para que possamos crescer como uma Igreja sinodal missionária que proclama o Evangelho, em fidelidade à tarefa que lhe foi confiada pelo Senhor.

Estrutura do documento e metodologia da Assembléia

A estrutura do IL está intimamente ligada ao seu uso durante o trabalho da XVI Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. 

O Instrumentum laboris consiste em um texto e quinze fichas de trabalho. Juntos, eles trazem os frutos da jornada sinodal até o momento em resposta à questão orientadora fundamental (PD, 2). O IL não desenvolve uma compreensão teórica do termo "sinodalidade", mas traz uma visão dinâmica que articula a variedade de maneiras pelas quais a sinodalidade é experimentada e compreendida em diferentes partes do mundo e que requer um estudo mais aprofundado.

O texto e as planilhas destacam as características da Igreja sinodal, que emergiram por meio da experiência desses dois anos, e o modo de proceder que foi identificado como um elemento-chave para se tornar cada vez mais uma Igreja sinodal (Seção A); as três questões prioritárias que emergiram de todo o processo e que exigem um discernimento mais aprofundado são então destacadas (Seção B).

As três questões prioritárias que estarão no centro do trabalho da Assembleia Sinodal em outubro de 2023 estão ligadas às três palavras que constituem o tema do Sínodo: a questão de como crescer em comunhão, acolhendo a todos, sem excluir ninguém, em fidelidade ao Evangelho; a questão de formas concretas de corresponsabilidade, reconhecendo e valorizando a contribuição de cada pessoa batizada em vista da missão comum; a identificação de estruturas e dinâmicas de governança por meio das quais articular no tempo a participação e a autoridade em uma Igreja sinodal missionária. 
Cada uma dessas três prioridades é desenvolvida por cinco fichas de trabalho: são cinco abordagens diferentes para o mesmo tema, que nos permitem apreciar melhor e considerar em discernimento a diversidade de pessoas e de contextos sociais, culturais e religiosos que surgiram durante o processo.

Cada ficha de trabalho apresenta uma breve reflexão, fruto do discernimento realizado ao longo do processo sinodal. Ela é seguida pela pergunta básica para o discernimento a ser realizado nas várias sessões de trabalho e por algumas sugestões de oração e reflexão preparatória para cada membro da assembleia. Essas são, na maioria dos casos, questões reais, mas devem sempre ser colocadas na perspectiva da questão fundamental de como responder ao chamado do Espírito para crescer como uma Igreja sinodal.

De fato, o IL propõe de forma original a articulação da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que também consiste em duas partes, diferentes em caráter e abordagem, mas “um todo unitário” (GS, nota 1). Desse ponto de vista, a Constituição do Concílio pode, portanto, inspirar o trabalho da Assembleia.

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