Tempo da Criação 2022: Aprender a ler os sinais dos tempos

Viver a vida religiosa na Tempo da Criação. Aprender a ler os sinais dos tempos.

Testemunho da Irmã Odete Henrique Mahumane da Congregação Irmãs Missionárias do Precioso Sangue (Região de Moçambique).

Como parte da celebração da época da Criação, eu e a minha comunidade procuramos antes de mais nada, de repensar a nossa vida como religiosas e como queremos levar em frente o carisma da nossa congregação para responder os desafios do mundo de hoje na luz do Evangelho. Como diz Papa Francisco “a consciência da gravidade da crise cultural e ecológica deve traduzir-se em novos hábitos” (LS. 209). E para nossa congregação lendo os sinais dos tempos e do contexto em que vivemos, era necessária a implementação de uma educação ambiental, onde procuramos indicar novas praticas de vida segundo o Evangelho deixando-nos guiar pelo Espírito Santo. 

No início, era difícil explicar todas as nossas comunidades como celebrar a época da criação, todavia, graças a vários encontros de sensibilização com todos os membros da congregação, juntas conseguimos traçar novos itinerários de vida religiosa para a celebrações da época da criação. E um dos pontos cruciais, foi quando iniciamos as celebrações da época da criação com um hino de louvor a Deus sobre todas as maravilhas do criado onde nós como irmãs religiosas somos chamadas a dar testemunho de vidas praticas que contribuem para o cuidado da Nossa casa Comum, e da nossa mãe Terra. E isso implica também a identificação de coisas que impedem a boa convivência comunitária, pois constituem lixo em nossas comunidades. Uma vez identificadas são usadas como oportunidade para o nosso crescimento quando ultrapassadas.

Conseguimos organizar encontros formativos sobre o cuidado da Terra, educando as comunidades ao combate das queimadas descontroladas e a conservação da biodiversidade. A época da criação é para nós um período de mudança de paradigma de vida do nosso modo de “pensar, de sentir e de viver; não se trata tanto de falar de ideias, mas sobretudo das motivações que derivam da espiritualidade para nutrir uma paixão para o cuidado do mundo” (LS. 216). Um cuidado que alarga o nosso horizonte no modo de ver, julgar e agir, criando formas de relações novas com Deus, com mulheres e homens que encontramos no nosso dia a dia e do ambiente que nos rodeia, motivadas a criarmos uma sociedade com valores morais e éticos segundo os ensinamentos da Igreja.

Procuramos de viver uma vida humilde na Adoptação de estilo de vida simples; no acompanhamento das comunidades, locais e famílias no cuidado aos animais, cultivo de horta e jardim de flores em todas as nossas comunidades; Escolinhas e Centros de Crianças Órfãs e Vulneráveis. Implementamos a reciclagem de pacotes de sumo, garrafas de refrescos e sacos plásticos para fazer vasos. Para além disso procuramos também, reconhecer a adversidade que se vive em nossas diferentes comunidades interculturais e internacionais, com iniciativas de culinárias diversificada (preparada por irmãs de diferentes culturas e nacionalidades). Assim como iniciativas de momentos de Recreação como forma de nos conhecermos melhor. Visita aos doentes das nossas paróquias e nos hospitais; e na participação em jornadas de orações, workshops, seminários e debates de carácter social.
 

Os nossos passos práticos vão lidos na ótica dos sinais dos tempos, naquilo que a realidade nos pede hoje, e uma destas realidades para nós, visa a dar atenção ao clamor dos que sofrem como: as vítimas do terrorismo em Cabo Delgado e Nampula, da violência e abandono. Do apoio as vítimas da fome na cidade e província de Maputo com uma sexta básica; assim como a participação e preparação de refeições para jovens e adultos vulneráveis do Programa Mateus 25 (iniciativa do Santo padre através da Nunciatura).